domingo, 7 de junho de 2009

Para se defender de complô para destruí-lo, Google diz ser empresa "pequena"



Surpreendeu, além de causar certa incredulidade, a declaração de representantes do Google dizendo que de certa forma, eles são uma empresa "pequena". Isso porque o Google teria apenas 2,66% do total do mercado de anúncios. Estranho, já que é notório que o Google domina o mercado de anúncios on-line com aproximadamente 70% do faturamento.

Para chegar a uma participação de mercado de 2,66% o Google incluiu em sua conta todo o mercado de anúncios - TV, jornais, rádio e até outdoors entraram. Pode parecer questão de semântica, mas esses números, dependendo de como forem interpretados, podem definir o futuro do Google, ou mesmo matá-lo da maneira que o conhecemos hoje.

O tamanho e a influência do Google colocam-no cada vez mais na mira das agências reguladoras do governo americano. As acusações, em sua grande maioria, são de monopólio.

Até bem pouco tempo, o Google sempre foi visto com bons olhos por todos os setores da sociedade, afinal, que prejuízo haveria para o consumidor em uma empresa que fornece serviços gratuitos a seus consumidores? "Don't be evil" (não seja mal) é a filosofia corporativa pregada pelo Google. Mas essa visão está mudando, uma vez que nesse momento Washington está pendendo para a tese de que a simples existência do Google impede o desenvolvimento de outras empresas que possam concorrer com ele, o que em médio e longo prazo, poderia ferir o mercado. Pesam ainda acusações de domínio dos anúncios na internet, ditando regras e preços, além do acúmulo de dados dos usuários que usam o Google, o que ameaçaria a privacidade dos consumidores.

Segundo a revista Wired aqui, um dos grandes "fomentadores" das acusações seria a Microsoft. Como já passou por um longo e desgastande processo em que respondeu à acusação de monopólio, a empresa de Bill Gates tem vasto conhecimento sobre como trafegar nos tortuosos corredores governamentais de Washington quando o assunto é monopólio. Agora, estaria usando esse conhecimento contra o Google, com o apoio de outras organizacões, que reúnem de empresas de cabo a agências de publicidade, que se sentem ameaçadas pelo Google.

Mas o Google não está de braços cruzados. À medida que os processos se acumulam, a empresa começa a se articular e monta sua defesa. Já é normal encontrar lobistas atuando em favor do Google nos corredores de Washington. Dana Wagner, uma ex advogada antitruste do Departamento de Justiça americano, por exemplo, foi contratada ano passado pelo Google e está se tornando uma das mais atuantes porta-vozes da empresa.


"SOMOS PEQUENOS", SE DEFENDE O GOOGLE

Parte da defesa do Google é diminuir aos olhos do público seu tamanho e influência no mercado publicitário. É daí que surge o número de 2,66%, com apenas essa parcela do mercado ele seria pequeno demais para incomodar qualquer um. Mas como uma reportagem do Washington Post questiona (aqui). "Mesmo se você aceitar a tese do Google de que as linhas que separam as mídias foram apagadas pela tecnologia, ainda é difícil de explicar como a companhia pode manter uma margem operacional de 30%, apesar das perdas registradas em outras áreas, se enfrentasse competição séria" (Jornais, revistas e TVs têm apresentado constante queda de faturamento de publicidade nos últimos anos).

O fato é que até o momento ninguém conseguiu montar um caso consistente contra o Google na justiça demonstrando um domínio do mercado que prejudique o consumidor. Mas é só uma questão de tempo. Em 1911, a Standard Oil foi desmembrada; em 1982, foi a vez da AT&T; e em 1998, a Microsoft escapou de ser partida em companhias menores, mas sofreu sanções.

Ironicamente o futuro do Google está nos números. Mas não em dados frios analisados por computadores, e sim em como governo e sociedade interpretem esses números, seja 2,66%, 70% ou quaisquer outros que a guerra entre corporações levar o público e governo a acreditarem.

"Não seja mal... e prove ser bom" parece ser o novo lema do Google.


A imagem acima é de uma edição de agosto de 2007 da revista The Economist que já alertava sobre o crescimento de ameaças que o Google enfrentaria diante de seu sucesso avassalador na reportagem Who's afraid of Google? (disponível somente para assinantes).

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho incrivel que todos os utilizadores de adsence que tiveram suas contas canceladas, sem a menor informação relevante ou ao menos o respeito de saber o motivo, nunca tenham feito nada sobre isso,fico pensando se um dia todos se unem em um só processo, o que aconteceria?