terça-feira, 16 de junho de 2009

Corporacões seriam a causa do atual sofrimento social. A solução: a internet


No início dos anos 90 Douglas Rushkoff ajudou a dar forma à internet. Agora, volta à cena com uma nova tese: o caos em que o mundo se encontra é provocado pelas corporações. A solução é a internet e uma vida mais colaborativa e mais feliz entre os cidadãos - o que inclui parar de sonhar com uma BMW na garagem.

Nos últimos 20 anos Rushkoff se dedica a examinar a relação de tecnologia e cultura popular, lançou livros como “Media Virus”, onde desenvolveu o conceito de marketing viral, no qual propagandas se tornam contagiosas e infectam a internet como vírus e “Cyberia: Life in the Trenches”, no qual documentou o submundo da vida on-line. Também cunhou o conceito de “nativos digitais”, segundo o qual, jovens levariam vantagem sobre seus pais porque cresceram em um mundo de computadores e eletrônicos.

Em seu livro recém publicado, "Life Inc.: How the World Became a Corporation and How to Take It Back", o teórico reconta 500 anos do surgimento e ascensão de corporações. Isso para demonstrar como essas companhias teriam passado a “dominar” a vida das pessoas, levando-as a ter valores distorcidos, criando necessidades, ambições e preocupações que no fundo só beneficiam as corporações.

“É o processo por meio do qual nós internalizamos valores e construímos uma paisagem física onde existem cidades e estradas que suportam essa existência corporatizada, desconectada. É por que Dow Jones (bolsa de valores) é a métrica que escolhemos para medir nossa riqueza”, diz Rushkoff em uma entrevista ao jornal inglês The Guardian, que fez uma resenha sobre o livro (aqui).

Inicialmente criada para controlar (e lucrar) com a prática da classe mercantilista, as corporações gradualmente passaram a ser cada vez mais poderosas, e começaram a estabelecer novos códigos que encorajaram as pessoas a parar de produzir bens para começarem a comprá-los. Assim, a noção de produção local e trocas desapareceu em favor de uma cultura centralizada, globalizada. E vista dessa perspectiva, nos afastamos cada vez mais de nosos semelhantes em uma desmedida busca por status social e bens materiais. A tese caminha em sua crítica por territórios familiares a autores como Naomi Klein (Sem Logo e Doutrina do Choque) e Joel Bakan (a Corporação), mas não é engajado como os trabalhos de Klein ou maniqueísta como Bakan.

A SAÍDA
À medida que a pressão (ou crise econômica e social) aumentar, corporações irão ser cada vez menos aptas a nos ajudar, argumenta Rushkoff. Para o autor, teremos de “começar a fazer favores uns para os outros, trabalhando uns com os outros... e nós começaremos a perceber que é mais divertido, que há mais significado e é mais barato”. A saída é voltar a viver em espírito de comunidade. Simplesmente viver bem, sem ter um carro alemão zero, sem ter a maior casa da rua. Viajar para um destino paradisíaco em hotel cinco estrelas e tomar vinhos exóticos seriam ambições menores.

Nesse sentido, a internet seria o melhor ambiente para o crescimento dessa nova visão de mundo, diz Rushkoff. O que não deixa de ser irônico, afinal, sem as grandes corporações não existiria a internet como a conhecemos. O Craiglist, por exemplo, diz Rushkoff, permite um retorno às práticas pré-corporativas, quando uma pessoa vendia (ou trocava)algo diretamente com outra, fosse um bem ou serviço. E isso sem o intermédio ou interferência de uma grande corporacão.

CONCLUSÃO
Concordo que mesmo com as credenciais que tem, Rushkoff pode parecer ingênuo, mas ele levanta questões interessantes. Principalmente porque vivemos em meio a uma crise econômica, filosófica e social. E afinal, dizem que a história é cíclica, que apenas se repete em uma espécie de espiral onde temos somente a sensação de estar andando para a frente. Seria o retorno ao Renascimento?


Douglas Rushkoff, autor de Life Inc.: How the World Became a Corporation and How to Take It Back


Fontes: NPR e The Guardian

Update 17/09/2009 - A Fast Company publicou no site uma entrevista com Douglas Rushkoff sobre seu novo livro. O autor diz que não é comunista e garante ser a favor do livre mercado.

Um comentário:

Claudio disse...

Parabéns pelo post.

Estamos conversando sobre o assunto (Life Inc.) no seguinte endereço WEB:

http://escoladeredes.ning.com/profiles/blogs/life-inc-how-the-world-became

Referenciei este post e outros textos sobre o assunto lá.

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Atenciosamente.
Claudio Estevam Próspero

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