segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sob o domínio dos números (escravos da informação?)



Hoje existem diversos serviços que reduzem grandes endereços de internet em mini-links. O TinyURL.com é o mais popular deles. Os mini-links existem desde 2002, mas só se popularizaram com o surgimento do Twitter e Facebook. Porém, esses serviços que reduzem as URLs são gratuitos e era difícil dizer de que maneira poderiam gerar receita. Mas agora está se descobrindo que esses aplicativos podem gerar dinheiro. Já que podem indicar quantas vezes um link foi clicado, quem clicou, de onde clicou etc, eles podem colher informações que publicitários ou pesquisadores estão atrás para determinar perfis de consumidores.

E não só isso. O Bit.ly, um dos concorrentes do TinyURL, por exemplo, usa o Calais, criado pela Reuters. A ferramenta permite encontrar semelhanças semânticas entre os links originais postados no Bit.ly e assim, direcionar os usuários para os links mais populares, por exemplo. Mais nessa matéria do NY Times.

O NASCIMENTO DA ELITE DOS NÚMEROS

Monetarizar a informação disponível na internet não é novidade. O Google se tornou uma potência econômica vendendo anúncios a partir das informações que colhe de seus usuários.

No seu livro Super Crunchers, em 2007, Ian Ayres, economista e professor da Yale Law School, fala de como os dados vinham sendo armazenados na internet e estavam disponíveis para quem quisesse "garimpá-los" e organizá-los da melhor maneira. A tese central de Ayres é de que com as informações digitais disponíveis, a intuição e experiência iriam ficar em segundo plano. Os números (data) se tornariam preponderantes nas decisões. Afinal, máquinas, não sendo distraídas pelas emoções e com maiores possibilidade de calcular variáveis, fariam escolhas melhores. Na época a tese era provocadora, e hoje, apenas dois anos depois, já não causa tanto furor.

Super Crunchers "matou" a intuição humana ao mostrar que decisões antes restritas a quem tivesse expertise sobre um tema agora podem ser melhor tomadas por um computador. E aparentemente, é chegado o momento de "monetarizar" essa tendência. No livro Numerati - lançado em 2008 nos EUA e que chegou recentemente ao Brasil lançado pela Arx - o jornalista Stephen Baker mostra como diversas empresas estão se especializando em usar esses dados disponíveis na internet. Não dá para dizer que o livro é surpreendente. É como se Baker pegasse as informações de Super Crunchers e desse uma cara de reportagem, com casos mais práticos e cotidianos. Ele fala do carrinho de supermercado que faz indicações de compras ou mesmo promoções conforme o cliente que o esteja utilizando. Narra as possibilidades de câmeras e computadores controlarem sua produtividade até no escritório e narra pesquisas onde se descobre um potencial eleitor com precisão muito maior. No capítulo blogs, você saberá como empresas estão usando os posts para traçar perfis de consumidores e avaliar seus produtos de maneira mais rápida e eficiente. Computadores "leem" a internet em busca de comentários e opiniões sobre determinada marca ou assunto.

A novidade em Numerati está em mostrar como está surgindo uma elite de matemáticos e especialistas em cálculos para "gerenciar" todo esse fluxo de informação. Seja para ter a brilhante ideia de extrair informações do TinyURL e empresas de mini-links, ou para fazer novas descobertas em pilhas de dados disponíveis em formato digital.Enfim,não deixa de ser sombrio. Mas como mostra a história da humanidade, atirar paus e pedras não param os avanços tecnológicos.

PS: Fiquei decepcionado com a quantidade de erros bobos que encontrei na edição de Numerati, da Arx. Há desde palavras repetidas, até letras a mais e um ponto final faltando. Talvez não tenham revisão, um tema que já tratei anteriormente (aqui).

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